Coluna da Ana: Très Chic!
Não tem jeito, no vai e vem da moda o pretinho básico que virou peça importante a partir dos anos 20 reaparece como um furacão e permanece fiel, ora como peça solene, ora como clássica e atualmente como símbolo de poder e sensualidade.
Chanel, a estilista que eternizou esta cor, certa feita comentou: Sherazade é fácil. O tubinho preto é que é difícil. Disse isso talvez para alimentar a eterna rivalidade com Elsa Schiaparelli, estilista contemporânea sua; a primeira a usar a arte nas roupas ao criar vestido lagosta (1937), inspirado na obra de Salvador Dali - o famoso telefone lagosta.
Elsa foi a percursora do uso do zíper, das ombreiras e das cores fortes. Praticamente "inventou" om rosa-shocking, cor que se tornou sua marca registrada. Parece que Chanel quis dizer que quando se veste de forma exagerada é fácil se sobressair, mas que difícil mesmo é chamar as atenções para si num tubinho preto.
Neste caso sou obrigada a discordar de Gabrielle Coco Chanel.
Pense em Audrey Hepbum no filme Bonequinha de Luxo (1961), no papel de Holly Golightly admirando a vitrine da Tiffany's ao som de Moon River. Uma cena antológica. Audrey linda, clássica de pretinho longo, pérolas enormes, óculos de sol igualmente imensos e o indefectível coque no cabelo.
Fico impactada cada vez que vejo esse filme, tamanha a beleza da atriz, das roupas, do cenário.
Tudo o que ela veste no filme funcionaria hoje.
Da mesma forma que Elsa, a primeira estilista a criar coleções inteiras sobre um tema, é copiada à exaustão; seu estilo transgressor é alimento para mentes criativas como a dela e suas roupas poderiam estar em qualquer vitrine nos dias atuais.
E o mais interessante desta estação é o contraponto: preto + branco (Chanel), estamparia farta + cores alegres (Schiaparelli) + neon como ponto de luz.
No frigir dos ovos, tanto Mme Chanel como Mme Schiaparelli estão completamente na moda, apesar da rivalidade que nutriam.
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